Hoje quero falar sobre este assunto "tão pouco" abordado. Na verdade estou "farto" desta palavra, uma palavra que hoje é usada quase como justificação para tudo o que de menos bom acontece. Basta ligar a televisão e, empresas fecham por causa da crise, a violência aumenta por causa da crise, o consumo de antidepressivos aumenta por causa da crise, o Governo, governa e desgoverna por causa da crise, propõe-se o PEC por causa da crise, etc..., é tão simples encontrar uma palavra tão pequena para justificar tantas e tão grandes "coisas".
Eu não acredito na crise, melhor, acho que a crise, é algo que vai muito para além desta forma economicista de a avaliar, temos que ir mais fundo, mergulhar na profundidade desta problemática e, aí, aperceber-nos-e-mos que a crise é, na minha opinião, mais de valores que financeira.
Os valores da nossa sociedade estão invertidos, vivemos numa sociedade, onde o Ter triunfou sobre o Ser, e quando assim é, tudo se desmoronará mais cedo ou mais tarde. Vivemos de aparências, como que "maquilhados" pois numa sociedade, completamente estereotipada, tudo e todos os que não se encaixem neste "grupos" são ostracizados.
Numa sociedade, onde os alunos se agridem mutuamente levando a casos extremos de fobia e suicídio, onde os professores são maltratados e até espancados por alunos, onde se procura o lucro fácil com "esquemas", onda há quem prefira viver à custa do rendimento de inserção social (rendimento mínimo) ou do fundo de desemprego em vez de fazer algo produtivo, onde há um sentimento de impunidade para com os mais ricos, onde os policias são "julgados" por agredirem os bandidos e onde a justiça tarda em actuar e quando actua nem sempre o faz da forma mais correcta, a crise económica é um problema menor, pois se não resolvermos esta crise de valores, independentemente de todos os esforços económicos a CRISE, será permanente.
A desvalorização da pessoa, do Ser, em função do bem material, do Ter, é sem dúvida a maior das nossas crises e é sem dúvida, também, um dos maiores contributos para a crise económica que vivemos e para o endividamento das famílias. O sucesso e a realização pessoal foi colocado em segundo plano, privilegiando-se o número e a marca dos carros, as viagens de férias e o tamanho das casas. Ter mais, Ter melhor, Ter maior, é o objectivo de vida de muitos, nem que para isso tenham que vender a "alma ao diabo".
A família, onde estes valores eram ensinados, é nos nossos dias uma célula social em decadência. Os pais preferem levar os filhos para o "shopping" a passar algum tempo de qualidade para ensinar e incutir valores nestes futuros cidadãos, é tão mais fácil deixar a televisão, a PSP ou a Nintendo a fazer de "babysiter", em vez de investirmos na educação destes maravilhosos seres. Que cidadãos estamos a criar? Como conseguirão eles viver num mundo onde os recursos serão cada vez mais limitados, se não lhes ensinamos o valor das coisas simples, do sorriso, do abraço, do obrigado e do Ser em vez do Ter?
A ÉTICA, é para muitos hoje uma palavra estranha, temos amigos que "apunhalam" pelas costas outros amigos, pessoas que se riem para nós e nas nossas costas fazem o que podem para nos "derrubarem", que dizem estar do nosso lado, quando o único lado que conhecem é o deles. Realmente estamos mergulhados numa profunda CRISE, até quando?
Sim...concordo em absoluto. É tudo muito mais fácil, quando temos uma tão boa desculpa, para tudo e para nada! Cabe a cada um tentar modificar apenas e só um bocadinho da sua vida, isso bastaria, para dar um novo Mundo ao Mundo!
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